domingo, 11 de janeiro de 2009

SÁBADO - 26 DE ABRIL



Como tínhamos muito chão pela frente, resolvemos por fazer um esforço e acordar bastante cedo para seguirmos viagem. Eram 06:30hs quando sáimos de Metán e pegamos a Ruta 16 em direção à Resistência e Corrientes, embora nosso destino final fosse Possadas, já na região de Missiones.

Os relatos que vimos antes da nossa viagem nos deixavam um tanto preocupados, uma vez que insinuavam que a polícia da região do Chaco era extremamente corrupta, além de que a Ruta 16 foi apontada como a de pior conservação da Argentina, e a travessia do Chaco envolvia nada menos que 940km.

Pois bem, logo no início, nossos temores se confirmaram, uma vez que naquele trecho a estrada é bastante esburacada, e somado ao fato de que ainda estava escuro, e uma neblina densa tomava conta de alguns trechos da estrada, o trajeto foi um tanto perigoso. Além disso, consta que alguns postos de combustível da região estavam com falta de gasolina, e aqueles que tinham, racionavam a distribuição da mesma.. Assim, logo que chegamos a J.V. Gonzáles paramos para tomar café, e aproveitei para encher o tanque, apesar de termos rodado menos de 150km. A partir desta cidadezinha, já com a luz do dia presente, o trajeto ficou mais tranquilo, embora existissem buracos pelo caminho, esparsamente distribuídos.

A travessia do Chaco é um tanto monótona, visto a paisagem não se alterar e a estrada ser praticamente em linha reta. É impressionante a quantidade de pequenos animais e grandes insetos atravessando a rodovia, frequentemente atropelados. Como consequência, uma população de urubus e gaviões carniceiros habitam todo o trajeto, tomando conta da pista, e atrevidamente resistentes à aproximação dos veículos (levando a risco de colisão, portanto, cuidado).
É interessante observar o nome dado aos vilarejos cruzados pela rodovia, como, por exemplo, Pampa del Infierno, o que dá uma noção do que parece a região... rs (ok, ok, confesso que eu esperava coisa mais feia da região, que não é assim tão absurda, apenas quente, plana e úmida, como convém a uma região de "chaco")

Em relação à polícia, existem diversos postos policiais espalhados pelo caminho, fomos parados em três ou quatro deles, mas, para nossa surpresa, não tivemos qualquer tipo de problemas, sendo liberados sempre após a conferência da documentação. Nem mesmo os ítens obrigatórios foram conferidos.

Almoçamos já à tarde na cidade de Presidente Roque Saenz Peña, onde a Ruta 16 cruza com a Ruta 95. Mantivemo-nos na ruta 16, e seguimos em direção a Resistência, cidade separada de Corrientes pelo Rio Paraná. QUando estávamos bem próximos desta localidade, eis que um temporal se formou. O céu ficou tenebroso, com núvens de poeira em um formato de redemoinho. Ficamos um tanto assustados, uma vez que não tínhamos ideia sobre a possibilidade de exesistirem tornados naquela região, associado ao fato de que todos os carros argentinos andavam com pisca-alerta ligados (avisos???). Para piorar, precisávamos abastecer o carro, e cá entre nós, existe pior lugar para parar o carro em uma tempestade do que um posto de gasolina (quantas vezes já não vimos ou ouvimos falar de destelhamento ou arrancamento da cobertura destes?).

Abastecidos, seguimos viagem rumo a Possadas, onde chegamos já à noite, e fomos procurar um hotel. Acabamos nos hospedando em um hotel confortável (mas, leiam a postagem sobre o dia seguinte para entender alguns dissabores que tivemos, chamado Hotel Condado. A cidade estava bastante movimentada, e descobrimos que o local é visitado por muitos gaúchos, que aproveitam o fato de Possadas fazer divisa com a cidade paraguaia de Encanación, e, segundo eles, tão propícia às compras quanto Ciudad del Leste. Após passearamos um pouco pela cidade, jantamos no restaurante do próprio hotel, lugar agradável,embora com um atendimento um tanto arrogante.

Ah sim, ia esquecendo... pouco antes de chegar em Possadas, passamos por um posto policial, onde fomos cobrados quanto a ausência do kit de primeiros socorros. Tentamos inventar uma desculpa, de que havíamos utilizado-o para socorrer um "pobre menino que havia caído da bicicleta em uma locaidade que havíamos parado para almoçar", tentando comovê-los com nossa atitude altruísta em relação a um "niño argentino", mas ela não foi suficiente, e acabamos levados à presença do "comandante". Dadas as explicações, pedimos desculpas, e ele disse que iria nos liberar, mas propôs, descaradamente, que deixássemos "un cafessinho", ou seja, os safados já sabem até a gíria brasileira para o suborno. Alegamos que não tínhamos dinheiro em espécie, apenas cartão de crédito, visto que já estávamos regressando ao BRasil. Dito isso, ele nos liberou, todo sorridente, e sem demonstrar a menor vergonha pelo pedido... É, cada uma....mas, enfim, atravessamos o chaco sem dar gorjeta aos homens de farda....

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