segunda-feira, 22 de setembro de 2008
QUINTA FEIRA – 17 DE ABRIL
Acordamos pela manhã, já com saudades do local onde passamos dias maravilhosos, na paz dos Andes.
Novamente subimos a RN-7, agora com destino ao Chile, mas antes de chegar a Santiago, aproveitaríamos o caminho para apreciar mais algumas maravilhas da natureza.
Após passarmos novamente por Uspallata, começou a subida um pouco mais íngreme da cordilheira. Esperava alguma perda de potência do motor do carro, em função da altitude (explico: menor presença de oxigênio na atmosfera dificulta a “queima” do combustível dentro da câmara de combustão do motor, levando a perda de potencia), mas isso não se fez sentir neste trajeto, mesmo com o carro lotado. O trajeto desta viagem é espetacular, com paisagens deslumbrantes da cordilheira. Desnecessário dizer que isso motivou algumas paradas para belas fotografias. O trajeto envolve a passagem por dois vilarejos, chamados de Puente del Inca e Las Cuevas.
Pouco antes de chegar ao primeiro, há um local convidativo à introspecção e reflexão. Ali fica o Cemitério del Andinista, um pequeno “amontoado” de túmulos dedicado à memória daqueles que ousaram desafiar o majestoso Aconcágua, o maior pico das Américas. Do local já se avista o mesmo. Alguns túmulos datam do início do século passado, com “andinistas” (sim, pois o termo “alpinistas”, por correção, seria destinado àqueles que sobem os Alpes europeus) de todos os continentes. Vale a pena conferir, e prestar uma homenagem a estes intrépidos e corajosos aventureiros.
Logo após o cemitério, cerca de 2km, temos o povoado de Puente del Inca. No local existe uma ponte natural, em pedra, sobre o Rio Mendoza (fechada para trânsito de pedestres), com uma configuração bem interessante. No local existia, há anos, uma estância de águas termais, com hotel, que acabou soterrado por uma avalanche. O interessante é que a igreja junto ao hotel permaneceu em pé, perdendo apenas o teto.
Ali também há uma feira de artesãos, com exposição de belos souveniers a preços convidativos.
Puente del Inca não dispõe de muitas opções de acomodação, nem serviços bancários, portanto, vá preparado.
Ainda era de manhã, e seguimos então para o majestoso Parque Provincial Aconcágua. Aberto a visitação, gratuita, o parque oferece desde a caminhada mais curta até um mirante, ou uma caminhada um pouco mais prolongada (cerca de uma hora) até uma ponte, e dali também partem as expedições que vão “encarar de frente” o temível Aconcágua (nome de origem indígena, que significa “o Sentinela Branco”), com seus 6.962m de altitude.
Para quem quer se aventurar por um tempo ou distancia maior dentro do parque, existem diversos trekings e cavalgadas, com guias e custos adicionais. Recomenda-se a quem for “subir” a locais mais elevados do que os mirantes, um período de adaptação, pois os efeitos da altitude costumam ser nefastos ao organismo, podendo levar inclusive ao edema pulmonar ou cerebral.
Creio que seja desnecessário dizer o quanto é emocionante apreciar esse monumento da natureza, ainda que a uma distância bastante razoável. Mas com certeza, poderemos dizer, sempre “eu estive lá”.... esse é um local que nunca sairá da memória!
Após sairmos do parque (de facílimo acesso, ao lado da RN-7), nos encaminhamos até Las Cuevas. Bem antes de chegar ao povoado, passa-se por um posto de controle da Polícia Alfandegária, onde é necessário fazer a checagem do carro e passageiros. Sem essa checagem, poderá haver problemas para passar a aduana Argentino-Chilena.
Las Cuevas consegue ser ainda menor do que Puente del Inca, praticamente um amontoado de construções de cada lado da Ruta, e logo após o povoado adentra-se ao túnel Cristo Redentor, longo e estreito (cuidado com a velocidade, controlada), perfurando a cordilheira. Ao sair do Túnel, já estávamos na República del Chile. A aduana Chilena fica a poucos km da saída do Túnel. Lá, o controle é bastante rígido, sendo necessário passar por vários guichês (tanto para registrar a saída da Argentina como a entrada no Chile, e preencher diversos formulários). Para aqueles que não se atentaram a toda a papelada na entrada na Argentina, a decepção será inevitável, uma vez que serão detidos na aduana, portanto, muita atenção a todos os procedimentos aduaneiros.
A inspeção sanitária para entrar no Chile é bastante rígida, e não se premite adentrar com produtos in natura ou sementes. Explico: grande parte da Economia Chilena vêm da produção de frutos (uva = vinho...hehehe), e os chilenos levam muito a sério a prevenção de pragas que possam assolar suas plantações. Na verdade, viemos a saber que o país é praticamente isolado em relação à entrada de pragas, pois possui quatro barreiras naturais a invasão destas, sendo as geleiras glaciais ao sul, o deserto do Atacama ao norte, a Cordilheira dos Andes ao leste, e o Oceano Pacífico ao oeste.
Levava comigo uma Erva Mate para chimarrão (levei comigo, pois a argentina é péssima para os nosso gosto...hehe), que felizmente não “agredia” as normas. Muito cuidado, mais uma vez ao preencher a declaração do que está levando no carro, pois a revista ao mesmo é rigorosa antes da passagem da aduana, e caso tenha omitido algo, pode apostar como estará encrencado.
Cumpridas todas as exigências, lá fomos nós, desbravar o Chile.
O primeiro passo é descer os espetaculares Caracóis chilenos, uma seqüência de 25 curvas onde, por brincadeira, eu diria que é possível enxergar a placa traseira do carro pelo retrovisor lateral... o trânsito é extremamente lento e pesado, dado o grande número de caminhões que fazem o trajeto. Diria, também, que eles “descem a cordilheira parados”, tamanho a “reduzida” que fazem. A descida é bastante brusca, e o incômodo da pressão nos ouvidos é tal que parece que estamos pousando de um avião em cidade litorânea.
O Trajeto é igualmente belo, e na descida pudemos contemplar a beleza de um Condor, ave símbolo da região.
A chegada em Santiago se dá pela Rodovia dos Libertadores, adentrando na cidade pela Avenida Eduardo Frei. Novamente valeu, e muito, o estudo do trajeto até o hotel, feito pelo Google Earth, que nos levou, sem erros até o Hotel Montecarlo, localizado ao lado do Cerro Santa Luzia
A viagem toda, desde Potrerillos até Santiago, não passa de 260km, mas dado o potencial turístico e as belezas do caminho, é conveniente que se faça todo o percurso com um dia inteiro a disposição. Chegamos a Santiago pouco antes das 16 horas, nos instalamos no Hotel, cujas acomodações são agradáveis, sendo que aqui, novamente, nos valemos da ótima localização do mesmo para planejarmos nossos passeios. O anoitecer ainda nos dava um tempinho para um café em uma cafeteria próxima ao Hotel, e à noite nos deliciamos um churrasco argentino (é...rs) no Restaurante Patagônia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Ola Amigo,
Estou planejando uma viagem ao Chile via Salta, até SPAtacama, depois sigo até Santiago, entro novamente na Argentina passando por Mendoza e volto a Chapecó, SC. Saio em viagem daqui a uma semana, 16 de Janeiro de 2009 e gostaria de saber que documentos você teve de preencher na entrada da Argentina. Estou levando a carta verde, a carteira de motorista internacional, além da CNH, Vou fazer a declaração de todos os eletronicos ( camera fotografica, laptop, etc ) que estou levando na viagem ( na aduana Brasileira ). Tem algum documento extra que teve que providenciar? Muito esclarecedor o seu Blog, me deixou mais empolgado ainda com a viagem. Abraço e aguardo.
Postar um comentário