segunda-feira, 25 de agosto de 2008

SÁBADO – 12 DE ABRIL




O passeio pela região vinícola de Mendoza é maravilhoso. O aroma dos parrerais se faz sentir mesmo dentro do carro com os vidros fechados. As vinícolas, chamadas de Bodegas, se distribuem em uma região chamada Luján de Cuyo e Maipu, e a região de Mendoza produz mais de 70% da produção anual de vinho da Argentina. Destaque para a uva Malbec. As bodegas são inúmeras, e entre as mais conhecidas de nós, brasileiros, são a Finca Flichmann, Norton, Chandon e Família Zuccardi. Se o turista tiver preferência em conhecer alguma delas especificamente, convém consultar os horários de abertura ao público. Todas envolvem degustação, e a explanação sobre os processos produtivos.

Visitamos duas vinícolas, a primeira chamada Cavas de Don Arturo, onde fomos recepcionados pela simpática Silvina. Lá, provamos e compramos o vinho que, na minha opinião, foi o mais saboroso entre todos os que degustamos na viagem (e não foram poucos). Depois, seguimos até a Finca Flichamann, uma Bodega maior, com uma produção enorme, exportada para diversos países.

Seguimos o passeio pela bela região, com ruas arborizadas, e almoçamos no restaurante Casa de Campo, lugar muito aprazível e com um ótimo cardápio e um excelente vinho da casa. Chamou-nos atenção o leito absolutamente seco do Rio Mendoza, rio formado pelo degelo dos Andes. Como estávamos no início do outono, o leito deve ficar lá, aguardando as novas nevascas e o início do degelo da nova estação para escoar novamente. Após, seguimos viagem para Potrerillos, vilarejo a 63km de Mendoza, sempre seguindo a Ruta 7, em direção ao Chile. O caminho começa com uma suave subida, onde a visão dos Andes se descortina, com seus cumes nevados, e uma visão paradisíaca. Potrerillos é uma vila com pouco mais de 500 habitantes, localizada a 1350m de altitude, próximo ao Dique de Potrerillos, uma barragem que represa uma imensa quantidade de água, também formada pelo degelo Andino.

Seguimos mais 8km para a “região rural” de Potrerillos. O local se divide em várias vilas, com excelentes e variadas opções de pousadas, a maioria composta de Chalés bem estruturados e extremamente baratos. São as vilas e El Salto, Lãs Vegas, Valle del Sol e Piedras Brancas (acesse www.potrerillos.com.ar para maiores informações).

Ficamos em Piedras Brancas, nas Cabanas Villa Campestre, de propriedade dos receptivos e simpáticos Toni e Gabriela. Vale uma descrição do local: situada em um lugar com vista maravilhosa da cordilheira pré-andina, a cabana é construída em tijolo, dividida em uma sala-cozinha com lareira, aquecedor elétrico e água quente. São dois quartos, onde seis pessoas podem se instalar com tranqüilidade (o custo não aumenta com mais pessoas, mantém-se o mesmo, ou seja, 150 pesos a diária (isso mesmo, pouco mais de 90 reais – para quatro pessoas, que foi o nosso caso). Além da cozinha equipada, também há serviço de TV a cabo, e externamente uma churrasqueira para fazer aquela deliciosa Parrillada, e uma piscina (nessa época, e com esse frio? passamos longe). O dia estava para anoitecer quando nos instalamos Neste dia, a temperatura baixou bruscamente, e se aproximou “perigosamente” de zero grau. Com a cabana devidamente aquecida, de banho tomado e bem agasalhados, providenciei o chimarrão, enquanto preparávamos o jantar, regado ao bom vinho da Cavas Don Arturo.

sábado, 23 de agosto de 2008

SEXTA-FEIRA – 11 DE ABRIL


(jurava que era uma sexta-feira 13, vcs verão abaixo o porquê)

Acordamos bastante cedo, retirei o carro no estacionamento e às 6:00hs estávamos a caminho de Mendoza. A saída de Buenos Aires foi tranqüila, seguimos a Nove de Julho até o final, onde viramos à esquerda pela Auto-Pista até a saída para a RN-7 (tudo muitíssimo bem sinalizado, aqui novamente valeu o estudo do mapa antes de entrar no carro). A RN-7 é uma estrada movimentada, sem ser duplicada e com movimento intenso de caminhões. No entanto, o asfalto é perfeito, e a estrada praticamente reta e plana, o que não deixa dificuldades para ultrapassagens. A viagem seguia tranqüila até pararmos para abastecer em Rufino, em um posto localizado no entroncamento com a RN-33, após rodarmos 375km. Tomamos um café e realizamos a troca de motorista, e o problema é que uma das saídas do posto dava para a RN-33. A distração nos custou uma jornada em direção nordeste (quando deveríamos seguir à oeste), prejudicados ainda pelo tempo encoberto e ausência do sol para localização – índios, eu sei..... Foram 95km rodados até um trevo da RN-33 e RN-8, em Veneado Torto, quando surgiu o dialógo:

“- e agora, que direção tomamos?”, ao que a resposta foi:

“- segue sempre a RN-7”. O susto foi a frase seguinte:

“- aqui não tem RN-7”

Paramos para a consulta ao mapa, que indicou nosso equívoco. Assim, tivemos que seguir pela RN-8, em direção à Rio Cuatro, vindo a reencontramos com a nossa querida RN-7 na altura de Vila Mercedes. Foi um pequeno percalço de 175km.

Após rodar mais algum tempo, fomos parados em um ponto de vigilância sanitária, já na província de Mendoza, na altura de La Paz. Ali tivemos todo o carro revistado, inclusive nossas malas, que foram “fuçadas” por um cão pastor alemão, treinado para rastrear drogas. Duro foi ver o danado entrando no carro e no porta-malas, pisoteando tudo com aquelas patas sujas de poeira. De qualquer forma, os policiais foram gentis, e estavam lá para fazer o seu trabalho.

Após sermos liberados, seguimos viagem tranquilamente, cansados e “mirando” nosso alvo (Mendoza), quando, em um trecho de estrada que eu chamaria de “reta-torta”, com excelente visibilidade e o tráfego de um caminhão lento, fizemos uma ultrapassagem em faixa contínua, observados, ao longe, por um guarda rodoviário. Ato contínuo, ele nos mandou parar, solicitou documentação e fez aquela perguntinha danada em portunhol “sabe por que los parei?”. Sabíamos bem, e naquele momento pintou a dúvida: tentamos “contornar” o problema, ou aceitamos a penalidade? O cara era mal-encarado, não nos deu muita abertura, e como sabíamos que estávamos errados, acabamos aceitando a multa. O problema é que o sistema argentino apreende a carteira do motorista, e só devolve após o pagamento da multa, que por sinal é salgadíssima (555 pesos, ou 300 e tantos reais), e só viemos a saber disso depois. Para piorar, não tínhamos nos dado conta de que era sexta-feira, e dado o adiantado da hora (após 18hs) teríamos que aguardar a abertura do Banco de La Nacion, até segunda-feira, para fazer o pagamento e “resgatar” o documento. A documentação teria que ser retirada em San Martin, distante a uns 70km de Mendoza, com potencial efeito de mudar nossos planos para aquele final de semana, uma vez que tencionávamos ficar apenas uma noite em Mendoza, conhecer suas vinícolas, e seguir para Potrerillos, nosso destino final naquela região.

Cansados e abatidos com aquela situação, seguimos caminho até Mendoza, onde chegamos por volta de 20:20hs (atraso de mais de 2 horas em relação ao planejado, causado pelo engano de rota e multa). Sem muita disposição para procurar hotel, acabamos ficando no primeiro que apareceu. A decisão inicial era de permanecermos até segunda-feira, quando pagaríamos a multa e resgataríamos a carteira. Fizemos o pagamento das diárias, mas, para nossa sorte (isso mesmo), o serviço do Hotel era péssimo, e ao acordarmos no dia seguinte propus a todos solicitarmos o cancelamento das diárias adicionais e devolução do dinheiro, e seguirmos nossa idéia original, ou seja, uma passeio pela vinícolas de Mendoza e a tardinha seguirmos a Potrerillos (distante cerca de 60km de Mendoza) a qual conhecíamos apenas via Internet. Na segunda-feira, retornaríamos para cumprir com nossas obrigações. Decisão tomada, seguimos nosso rumo.

QUINTA-FEIRA – 10 DE ABRIL

Pegamos novamente transporte coletivo (desta vez devidamente munidos das preciosas moedas (hehehe), e nos dirigimos para o Bairro La Boca, antigo bairro portuário da capital. Vale pela caminhada no Caminito, com suas casas multicoloridas e sua arte de rua, com inúmeros artesãos expondo seus trabalhos. Após, visitamos a indefectível La Bombonera, estádio do Boca Juniors, onde foi possível compreender melhor a imensa paixão que a torcida nutre pelo clube. Vale a visita ao bem estruturado museu do clube, junto a estádio. Aproveitamos para almoçarmos uma bela parrillada no tradicional restaurante azul e amarelo, em frente ao estádio, todo dedicado a equipe do boca.

Mais tarde retornamos para mais algumas compras na Calle Florida, e descansamos para a jornada do dia seguinte, que seria dedicado à travessia do país em direção oeste, até os pés da imponente Cordilheira do Andes, na etílica Mendoza (e o vinho que nos aguardava,,, hehehe)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

QUARTA-FEIRA – 9 DE ABRIL



Reservamos o dia para uma visita aos Bairros Palermo e Recoleta. Palermo é um bairro bastante arborizado, considerado o “pulmão da cidade”. Pontos de visitação interessante são o Jardim Zolológico, Jardim Botânico e Jardim Japonês, além da Flor de Mayo, uma escultura metálica muito grande. O Bairro conta ainda com bons restaurantes e uma estrutura lojista mais requintada, mas não chegamos a visitar estes locais. Já na Recoleta, um programa imperdível é a visita ao Cemitério, onde descansam inúmeras personalidades históricas argentinas, incluindo o ponto principal de visitação dali, que é o túmulo de Evita Perón. Repleto de verdadeiras obras de arte em forma de monumentos, o local chama atenção pela grandiosidade dos jazigos. Logo a lado temos a Basílica Nuestra Señora del Pilar, erguida em 1732.

No retorno, resolvemos conhecer o transporte público de BA, e pegamos um ônibus. Uma gafe foi o fato de não termos o total do valor de passagem em moedas, uma vez que lá os transportes não têm cobradores, apenas a máquina depositária de moedas. Aqui vale a ressalva de que lá, a educação impera, e todos pagam a passagem. Fico a imaginar um sistema desses no Brasil.... Bem, tentei de todas as forma trocar meus pesos por algumas moedas, mas nenhum argentino estava disposto a se desfazer das suas “preciosas”, até que um rapaz me cedeu uma moeda de um peso (exatamente a quantia que nos faltava). Tentei dar a ele uma nota de dois pesos em troca, mas ele não aceitou. Pois é, assim sendo, lá estava eu, um turista brasileiro, recebendo esmola de argentino dentro do lotação. Que fora....

Bem, mas o dia era marcado por uma data importante: o aniversário de nosso amigo Alessandro, e à noite retornamos ao Puerto Madero para a comemoração na churrascaria Espettus, repleta de garçons brasileiros, e onde não se pode deixar de provar o famoso “cordeiro da patagônia”, uma excelência em termos de sabor.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TERÇA-FEIRA – 8 DE ABRIL



Saímos à pé para visitar o centro de Buenos Aires: Plaza de Maio (local onde protestavam pacificamente “las Madres de la Plaza de Mayo, contra o desaparecimento de seus filhos durante a ditadura militar, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, que está construída no mesmo local onde, em 1580, foi edificado um forte a partir do qual se fundou a cidade de Buenos Aires. As sacadas do palácio se tornaram célebres durante o governo Perón, pois dali Evita pronunciava seus discursos á nação argentina.

Em torno da praça, além de Casa Rosada temos os centro de poder financeiro e religioso do país, com construções imponentes, como o Cabildo, o Banco de La Nacion e a Catedral Metropolitana.

Dali saímos em diagonal em direção ao Obelisco, outro monumento clássico da cidade. Uma pena foi o fato do teatro Colón estar fechado para reformas.

Aproveitamos o restante do dia para fazermos compras, aproveitando o poder do nosso Real, que torna as mercadorias bastante em conta para nós brasileiros. Passamos pela Rua Florida, mas preço bom mesmo se obtém nas várias lojas Outless de diversas marcas (Adidas, Fila, Rebook, Nike, Puma, Lee, etc...), em especial na Av. Córdoba, um pouco mais distante do centro.

À noite resolvemos conferir um show de Tango, no tradicional Café Tortoni. Show bastante interessante, e acessível. Ponto alto do Show: quase ao final, os dançarinos descem do palco, e escolhem os espectadores para subir e dançar com eles; adivinhem quem foi escolhido? Isso mesmo, com nosso charme brasileiro irresistível, subimos, eu e Aline, para um momento inesquecível, cada um acompanhado pelo casal de dançarinos do show. Ok, ok, admito que não levo o menor jeito para isso, e a apresentação foi um tanto, digamos “estranha”, mas quantos brasileiros podem dizer que subiram ao palco do Café Tortoni para uma “apresentação” de Tango? Com certeza não foram muitos, e nós estamos entre os “felizardos”... hehhe.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

SEGUNDA-FEIRA – 7 DE ABRIL



Após o café da manhã, saímos de Santo Tomé às 8h5min, descendo sempre pela Ruta 14, estrada em boas condições e em obras ao longo de todo o trecho (duplicação da via, que irá melhorar ainda mais o trânsito para Buenos Aires), sem, entretanto, perturbar nosso deslocamento de forma significativa.

A viagem transcorria bem, quando, próximo ao horário do almoço, na cidade de Entre-Rios, fomos parados em um posto policial. Procedimentos de praxe, apresentamos os documentos, itens obrigatórios do carro etc..., e quando percebeu que estávamos com tudo em dia, o camarada soltou a pérola: “- porque não parou quando sinalizei? Tive que apitar para que parassem”. Detalhe, paramos apenas 5m adiante de onde o sujeito estava, o que demonstra a “alta velocidade” em que nos encontrávamos. Dito isso, ele nos convidou para “conversar com o comandante”, dentro do posto policial. Aí aparece um sujeito, sem identificação na farda, e com as mãos e boca reluzentes a graxa, provavelmente pelo fato dele estar comendo uma coxa de frango assado (ou pollo, para los hermanos) com suas "patas". Conferindo nossa documentação, o sujeito nos acusou de excesso de velocidade (isso mesmo), e disse que teria que nos multar. A situação já nos era clara, eles queriam mesmo é uma propina! Argumentamos, sem sucesso que estávamos muito devagar. Fui ao carro buscar o código de trânsito da Argentina, e quando voltei ao posto, fiz questão de parar na porta do mesmo e anotar o nome do posto e do local. Quando entrei na sala, mostrei o código a ele e solicitei que nos mostrasse onde estava o nosso delito, ao que ele folheou a apostila, sem se deter em página alguma, e me retrucou, já visivelmente irritado, perguntando porque eu estava anotando o nome do local, dizendo que isso era proibido e que eu deveria ter solicitado permissão. Foi aí que baixou uma luz, e respondi a ele que eu anotava horário e local das nossas andanças, emplacando a mentira de que minha esposa era jornalista e escrevia um blog de viagem. Ele ameaçou novamente o preenchimento da multa, mas com mais uma negativa nossa em lhe oferecer dinheiro, nos devolveu a documentação e ordenou que seguíssemos viagem “despacio”, ou devagar, para não sermos multados, não sem antes reter a anotação que fiz sobre o posto policial.

Saímos do local com a sensação de vitória, uma vez que lembrei de uma reportagem recente feita pelos jornais Clarin, de Buenos Aires, e Zero-Hora, de Porto Alegre, que apontava exatamente este posto policial como um local onde os turistas brasileiros invariavelmente deixavam alguns trocados para aqueles corruptos policiais argentinos.

Seguimos viagem, fizemos uma parada rápida para almoço, e passamos para a Ruta 12, totalmente duplicada, que nos levou, após enormes pontes sobre o Rio Paraná, até a Ruta 9, na qual adentramos em Buenos Aires, após percorrer mais 860km da nossa longa viagem. Havíamos reservado um hotel no centrão da cidade, esquina das avenidas 9 de Julho e 25 de Maio. Ainda em casa, eu havia estudado em detalhes o caminho desde a entrada em Buenos Aires até o hotel, através do Google Earth, e a chegada foi extremamente precisa (quase desviamos o caminho, mas os olhos atentos da Aline viram uma placa que nós não percebemos, o que nos permitiu manter a rota), às 18h10m, com 10m de atraso em relação ao nosso cronograma original (hehehe, não deu pra ser pontual, uma lástima....) chegamos ao Hotel, onde desembarcamos as malas e levamos o automóvel até um estacionamento, onde “ele” merecidamente descansou os próximos 3 dias.


O Hotel Reyna, onde ficamos hospedados por quatro dias, é um hotel antigo, construção datada de 1885, sem grandes confortos, mas que servia excepcionalmente bem aos nossos propósitos, uma vez que serviria basicamente como dormitório, já que passávamos o tempo todo na rua.

Extremamente bem localizado, permitia uma visão estupenda do início da noite com o trânsito carregado, mas ordeiro, do encontro das duas avenidas, lembrando que a 9 de julho é uma das avenidas mais largas do mundo. O que contava fundamentalmente para nós era a proximidade com as estações de metrô que levavam para todos os pontos da cidade, além de que praticamente todas as linhas de ônibus passavam logo abaixo de onde nos hospedávamos. Isso foi crucial na escolha, já que não tencionávamos perder tempo com deslocamentos com automóvel próprio (além do quê, o táxi é muito barato na Argentina, e a frota dos “amarelo-preto” é enorme).

A diária do local é de $120 pesos, incluindo o desayuno.

Buenos Aires é uma cidade que respira história por todos os cantos, orgulho da população porteña. Aliás, a peculiaridade é que a grande Buenos Aires suporta a metade da população argentina. Bela, limpa, com cafés lotados espalhados por todos os cantos, e um sem-número de atrações culturais, incluindo as livrarias, palácios, casario e monumentos. É uma pena que essa bela cidade, também respira muita fumaça de cigarros...como los hermanos fumam!

Naquela noite, ainda descemos, a pé, até Puerto Madero (afinal, passamos o dia sentados dentro do carro, e estávamos relativamente perto do local), antigo porto, totalmente restaurado e transformado em uma atração imperdível para quem curte um belo visual e roteiro gastronômico, tendo em vista os restaurantes, bares e cafés belíssimos daquela área.

A seguir, descreveremos os passeios que fizemos nos três dias em que permanecemos na capital argentina.

sábado, 9 de agosto de 2008

DOMINGO – 6 DE ABRIL


Havíamos combinado dar uma passadinha no Paraguai para fazer algumas compras. Para isso, combinamos com um táxi que nos levou e aguardou do outro lado da fronteira, pois é sempre arriscado passar com seu carro para “o outro lado”, sabidamente um sumidouro de carros de origem brasileira. O porém é que era Domingo, onde uma boa parte do Comércio fica fechado. Após algumas compras, e dissabor com relação ao nosso Visa Travel-Money relatado acima, retornamos ao hotel, onde fizemos as malas para seguir viagem. Devo acrescentar, em relação ao Cartão, que os paraguaios adicionam 10% às compras feitas com cartão (seja ele qual for), além de utilizar uma cotação diferenciada entre as próprias lojas, em relação ao preço do dólar. A dica para lá é: leve dólar, ou compre em real, sempre em dinheiro vivo. Assim vc saberá exatamente quanto está pagando, e terá como comparar melhor os preços dos produtos.

Saindo do hotel, nos dirigimos à fronteira, não sem antes conhecer o “DutyFree”, já em território Argentino, porém antes da Aduana. Ótimo local para compras de bebidas, roupas, perfumaria e calçados (eletrônicos nem tanto, uma vez que temos o Paraguai mais em conta logo do outro lado).

Completamos as exigências aduaneiras em Puerto Iguazu às 15h15min, e rumamos em direção à Santo Tomé (separada de São Borja/RS pelo Rio Uruguai), descemos inicialmente a Ruta 12, até Santa Anna, passando por posto policial onde foram feitas as verificações de praxe (CNIH/CRLV/Carta Verde), onde fomos atendidos com absoluta simpatia. Aqui vale o adendo de que estávamos extremamente preocupados com a polícia rodoviária argentina, uma vez que é muito comum o relato de tentativa de intimidação e cobrança de propinas para cima de turistas brasileiros. A impressão desse primeiro dia foi boa (acompanhem os relatos para saberem como foram os demais trechos), e chegamos a Santo Tomé às 20h08min, após percorrer 420 km em Rutas asfaltadas e sem quaisquer buracos, passando pela Ruta 14.

A primeira impressão de Santo Tomé é um tanto medonha, mas nos surpreendemos com um Hotel/Cassino magnífico (Hotel Condado), local muito freqüentado pela gauchada de São Borja e região, como viemos, a saber. E o incrível é que a estadia de quatro pessoas, em um local tão requintado, custou meros $189 pesos argentinos, o equivalente à R$ 113,00. Completamos a noite jantando em um bar agradável, com o refresco proporcionado pela cerveja Quilmes, em litro, incomum para nós, brasileiros.

Convém aqui outro adendo, no que se refere à Gasolina argentina. De qualidade muito superior à nossa, sem adição de álcool, ela fornece ao motor um rendimento aproximado de 10 a 15% a mais, aumentando a quilometragem que se faz com um tanque de combustível. O aumento de potencia é considerável, e como meu carro é flex, comparo o arranque obtido com a gasolina deles ao nosso álcool, só que com um consumo ainda melhor do que a nossa gasolina (todos sabem que o álcool combustível aumenta a potencia do motor, mas cobra seu preço no consumo).

O que é melhor nessa história toda, é que o preço é muito baixo. Eles vendem três tipos de gasolina, que muda de nome conforme a bandeira do posto que vc abasteça. Digamos que há a normal (85 octanas), a extra (95 octanas) e a super (100 octanas, ou seja, gasolina puríssima). Cabe ao condutor escolher, mas julgo prudente evitar a normal. Optei sempre pela intermediária, e não tive qualquer problema com o carro. O mesmo vale para o combustível vendido no Chile.

Em relação ao preço: pagamos em média $2,80 pesos o litro, o que equivale a R$ 1,68. Assim vale a pena rodar.

Também os pedágios existentes são extremamente baratos, passamos até Santo Tomé por três pedágios, pagando no total $6,60 pesos, ou menos de quatro reais.

As estradas estão repletos de carros antigos, que podem surgir muito lentos na sua frente, após uma curva. Nesse primeiro percurso, elas atravessam várias pequenas cidades do norte argentino, portanto, cuidado!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

SÁBADO – 5 DE ABRIL



Acordamos cedo, uma vez que a estrada nos esperava. Após o café caprichadíssimo (queremos deixar aqui nosso agradecimento e abraço carinhoso das mais ótimas lembranças ao Marquinhos e à Lilian), partimos, às 7:30h em direção à Foz Do Iguaçu, passando por Londrina, Maringá e Cascavel. Viagem tranqüila, chegamos em Foz do Iguaçu (540km) às 13:40h, nos encaminhando diretamente ao Hotel San Juan, entre a cidade e as cataratas do Iguaçu. O hotel foi reformado recentemente, e é uma boa pedida. Tarifas negociáveis (R$ 100,00 o quarto casal). Após desembarcarmos as malas, seguimos para o tradicional passeio nas Cataratas do Iguaçu, um dos mais belos cenários que a natureza pode oferecer neste planeta.

À noite jantamos no próprio hotel, uma comida caseira, onde imploramos por um prato de feijão, uma vez que sabíamos que nas próximas três semanas não provaríamos do “prato nosso de todo dia”, já que o mesmo não é encontrado com facilidade na Argentina e no Chile.

domingo, 3 de agosto de 2008

SEXTA FEIRA – 4 DE ABRIL



Às 05h15min da manhã saímos de Brasília rumo à Assai/PR, com intenção de visitar e deixar um abraço nos amigos Marquinhos, Lílian e Valentina. A viagem transcorreu normalmente, embora o tempo estivesse chuvoso durante praticamente toda a manhã, vindo a dar um refresco apenas quando entrávamos no estado de São Paulo. Fizemos o trajeto via Uberlândia-São José do Rio Preto, onde fizemos uma parada para o almoço. Dali descemos a BR-153 em direção a Marília, onde desviamos à direita em direção à Assis, pela SP-333 entrando no Paraná por Florínea. Após passarmos por pequenas e pacatas cidades interioranas, chegamos à simpática Assai, após rodarmos 1.136 km, às 18h. Não houve qualquer contratempo na viagem, apenas com o reparo que se faz necessário ao preço dos pedágios nas estradas paranaenses, chegando até a R$10,50. Encontramos Marquinhos e Valentina no Posto de Gasolina de propriedade da família, lavamos a garganta com uma Boêmia gelada, a, após um banho refrescante, saímos para uma noitada divertida, regada àquela conversa boa sobre “os bons tempos de faculdade”, em uma pizzaria local e lógico, aquela cerveja gelada.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A Idéia Nasce


A idéia nasce: certo dia, no mês de agosto/07, retornando da aula de natação, meu amigo Alessandro comentou comigo sobre o interesse de fazer uma viagem à Argentina, aproveitando período de férias. A partir daí, começamos a pensar na possibilidade, e a arquitetar, junto com nossas esposas, a melhor forma de pôr a viagem em prática. Desde o início, resolvemos que viajaríamos de carro, para aproveitarmos melhor a liberdade que esta forma de locomoção nos oferece.

O primeiro passo, logicamente, seria coincidir o período de férias dos quatro! No entanto, como o período para escolha das férias ainda estava um tanto longe, resolvemos levar em frente o planejamento da viagem, ainda sem saber se conseguiríamos o período adequado.

Inicialmente, decidimos pelo período, escolhendo uma época entre meados de março e meados de maio (portanto, com dois meses para “margem de manobra” dos 30 dias regulares de férias). Desta forma, fugiríamos da “concorrência” mais pesada da disputa do período de feries escolares, e ainda estaríamos livres do período mais rigoroso do inverno na Cordilheira dos Andes, já que desde o início pretendíamos visitar o local.


Bem, a partir de então, passamos a fase de planejamento. Alguns hão de dizer que planejar viagem é chato e que de certa forma “amarra” a viagem a trajetos, datas etc... Bem, podemos afirmar que isso não ocorre se for permitida certa flexibilidade. Outra: não há nada mais chato do que você fazer uma viagem longa, chegar a um local bacana, e ter de perder horas procurando hotel, andando em um trânsito de uma cidade desconhecida, sem ter referências sobre os locais mais adequados.

Sendo assim, primeiramente procuramos adaptar um roteiro à disponibilidade de tempo que teríamos para a viagem. Como já havíamos decidido por incluir o Chile (e consequentemente a travessia dos Andes) na viagem, calculamos exatamente 3 semanas para rodarmos por terras estrangeiras, sobrando alguns dias para o trajeto terrestre dentro do Brasil (é, Brasília é longe) e para darmos um abraço nos familiares espalhados pelo Brasil.

Ainda não sabíamos exatamente os locais a visitar, chegamos a pensar em um passeio envolvendo Buenos Aires, Santiago e a região de Bariloche e lagos andinos (trajeto típico dos viajantes Brasileiros que se aventuram por terras de los hermanos. Compramos dois guias de viagem (Argentina e Chile) e passamos a estudar os locais mais detalhadamente. Foi assim que nasceu o roteiro definitivo da viagem: Brasília – Foz do Iguaçu – Buenos Aires – região de Mendoza – Santiago – e a novidade: deserto do Atacama, retornando ao Brasil após descer a Cuesta del Lipan, e atravessar o Chaco Argentino. Com o trajeto definido, estudamos os locais que visitaríamos, para definir o tempo de estadia em cada local, já devidamente calculados as necessidades de deslocamento de automóvel entre um ponto e outro. Feito isso, observamos que teríamos um prazo muito justo para conhecermos todos os locais, mas vimos que, seguindo um cronograma adequado, era perfeitamente possível. Lembrem-se que incluímos locais aos quais necessitaríamos três pacotes diferentes de passeios oferecidos por operadoras de turismo.

Temos ótimas lembranças deste período de planejamento, que envolveu vários jantares, sempre regados a um bom vinho (prenúncio do que teríamos pela frente nas regiões vinícolas dos países a serem visitados, nos quais teríamos a “pesada tarefa” de apreciar muitos vinhos da região).

Apenas como adendo, lembramos de comentários e sugestões para que abandonássemos a idéia de viajarmos de carro, optando por transporte aéreo, justificando provável cansaço e perda de tempo considerável entre os deslocamentos. Pois bem, sempre considerei que A VIAGEM FAZ PARTE DO PASSEIO, e comprovando essa tese, paisagens deslumbrantes se ofereceram à nossa visão unicamente por estarmos viajando de automóvel. Quanto ao cansaço, ele não se apresenta para quem adora dirigir (nosso caso). Outra questão levantada com certa freqüência, foi – vocês vão mesmo viajar com “carro baixo” (explico, não viajamos em jipe ou carro similar), e eu afirmo que, ao final de 11.853km, não devemos ter percorrido mais do que 80 a 100 km em estrada de terra, ou seja, não há qualquer necessidade de automóvel Off-road para fazer esta viagem.

Após conseguirmos conciliar o período de férias, passamos para os preparativos práticos da viagem. Neste ponto, muito nos ajudou as dicas obtidas em sites e Blogs de outros viajantes, além das dicas preciosas dos amigos Alexandre e Fernanda Formiga e Sílvia Yumi, que havia feito recentemente uma viagem semelhante.

Nos quesitos burocráticos, foram tomadas as devidas providências:

- fizemos renovação das nossas carteiras de identidade (não é prudente viajar com uma carteira mais antiga, tipo mais de 5 anos – já imaginou planejar, se preparar, e ao chegar em um posto de fronteira e ser bloqueado?);

- tiramos a Permissão Internacional para dirigir (obrigatório no Chile, mas não na Argentina);

- fizemos o Seguro Carta-Verde, para o automóvel, que é uma espécie de DPVAT, seguro contra terceiros obrigatório no Mercosul.

- registramos na Anvisa nossas carteiras de vacinação.

- para quem planeja usar cartão de crédito, tem que verificar junto a sua administradora se ele tem validade internacional, e se esse não for o caso, solicitar a sua habilitação.

Vale lembra também que o veículo deve, obrigatoriamente, estar em nome de um dos ocupantes, sem estar alienado ou qualquer coisa semelhante. Se esse for o caso, deve ser obtida uma certidão, registrada em cartório, autorizando o condutor a atravessar com o veículo na fronteira.

Para o Carro, há ainda certas exigências, que devem ser cumpridas para evitar problemas com os policiais (vcs verão mais adiante do que estou falando). Existe obrigatoriedade de portar dois triângulos de sinalização, um cambão (barra para reboque de veículos) – levamos um cabo de aço, mas a legislação de trânsito argentina exige o cambão, portanto, providenciem o mesmo, além de um Kit de primeiros –socorros (comprem na fronteira, eles podem criar caso com Kit trazido do Brasil) e de um lençol branco (isso mesmo!), ou seja, uma “mortalha”, que serviria para cobrir possíveis vítimas fatais em um acidente de trânsito (Deus nos livre).

Outra providencia a ser tomada, se assim for desejo dos viajantes, é a contratação de um seguro saúde.

Também é de utilidade providenciar mapas rodoviários, mas aí sugiro que os comprem no país de destino, onde sempre serão mais baratos e confiáveis do que aqueles disponíveis no Brasil. Quando se está na estrada, eles podem nos tirar de apertos consideráveis. Já para aqueles mais ligados em tecnologia, porque não levarem o GPS.


Após isso tudo, ainda há de se decidir sobre a forma como fazer os pagamentos das despesas lá de fora. Existem inúmeras formas: travelers checks, cartões travel-money, cartões de crédito e dinheiro local, em espécie (ou “en efectivo”, como diriam los hermanos). O dólar e o real também são aceitos em diversos estabelecimentos, mas aí ficamos a mercê da cotação do referido estabelecimento, e nesse caso a despesa pode ficar mais cara do que ela seria em moeda local.

De nossa parte, fizemos um estudo detalhado, auxiliado pelo guia de viagem, e pesquisando tarifas na internet, e com isso conseguimos fazer um orçamento bastante aproximado (como se revelou ao final da viagem) dos nossos gastos, que podem ser divididos em quatro grandes grupos obrigatórios: hospedagem; gastos com combustível/pedágio; alimentação; passeios/lazer. Poderíamos incluir aí um quinto grupo, que seriam as compras, mas estas não são obrigatórias, e variam muito dentro das preferências dos viajantes.

Optamos, então, por levar em dinheiro local e no cartão de viagem (visa travel money, no nosso caso, todas as despesas relativas aos 4 grandes grupos, e mais algumas compras que pretendíamos fazer no Paraguai (hehehe, sim, fez parte do trajeto um meio dia em Ciudad del Leste). Após a viagem, minha sugestão à vocês é de que se faça um orçamento rigoroso quanto aos quatro grandes grupos acima e de que se leve em moeda local o montante necessário. Após conferir as faturas e verificar a cotação da cobrança (dólar Ptax), o cartão de crédito se mostrou uma alternativa bastante atraente (em alguns casos suplantando o dinheiro vivo). Ele pode e deve ser utilizado para as despesas adicionais, como compras, ou para cobrir gastos subestimados (mas não confie em postos de combustível, pois a maioria dos postos em que paramos, principalmente na Argentina, os cartões não eram aceitos – tenha dinheiro “en efectivo”). O único porém do cartão é que ele fica sujeito à possibilidade a variações bruscas na cotação da moeda, mas como vivemos um momento estável da nossa economia, com o dólar ladeira a baixo, não é provável que aconteça. O Visa travel-money se mostrou menos atraente do que o próprio cartão de crédito, e explico porquê. Quando vc o compra, ele é preenchido com dólares. No nosso caso, pagamos R$ 1,85 o dólar, mas no momento em que o utilizamos, após a conversão da moeda local para o dólar nos era descontada a taxa comercial da moeda norte-americana, o que, traduzido para o nosso Real, ficava em torno de R$ 1,64. Percentualmente é uma diferença significativa, que encarece muito a utilização deste cartão. Menos mal que utilizamos boa parte do Visa no Paraguai, onde a “perda financeira” da diferença de cotação foi compensada, e bem, pelo valor reduzido das mercadorias naquele local. Ao fim das contas, ainda saímos no lucro.

Após esta longa exposição, que julgo útil e necessária a todos os viajantes, vamos partir para o relato da viagem propriamente dita, não sem antes nos colocarmos a disposição dos amigos viajantes que queiram informações adicionais ou dicas sobre a viagem (msn: blog4amigos@hotmail.com).