segunda-feira, 11 de agosto de 2008

SEGUNDA-FEIRA – 7 DE ABRIL



Após o café da manhã, saímos de Santo Tomé às 8h5min, descendo sempre pela Ruta 14, estrada em boas condições e em obras ao longo de todo o trecho (duplicação da via, que irá melhorar ainda mais o trânsito para Buenos Aires), sem, entretanto, perturbar nosso deslocamento de forma significativa.

A viagem transcorria bem, quando, próximo ao horário do almoço, na cidade de Entre-Rios, fomos parados em um posto policial. Procedimentos de praxe, apresentamos os documentos, itens obrigatórios do carro etc..., e quando percebeu que estávamos com tudo em dia, o camarada soltou a pérola: “- porque não parou quando sinalizei? Tive que apitar para que parassem”. Detalhe, paramos apenas 5m adiante de onde o sujeito estava, o que demonstra a “alta velocidade” em que nos encontrávamos. Dito isso, ele nos convidou para “conversar com o comandante”, dentro do posto policial. Aí aparece um sujeito, sem identificação na farda, e com as mãos e boca reluzentes a graxa, provavelmente pelo fato dele estar comendo uma coxa de frango assado (ou pollo, para los hermanos) com suas "patas". Conferindo nossa documentação, o sujeito nos acusou de excesso de velocidade (isso mesmo), e disse que teria que nos multar. A situação já nos era clara, eles queriam mesmo é uma propina! Argumentamos, sem sucesso que estávamos muito devagar. Fui ao carro buscar o código de trânsito da Argentina, e quando voltei ao posto, fiz questão de parar na porta do mesmo e anotar o nome do posto e do local. Quando entrei na sala, mostrei o código a ele e solicitei que nos mostrasse onde estava o nosso delito, ao que ele folheou a apostila, sem se deter em página alguma, e me retrucou, já visivelmente irritado, perguntando porque eu estava anotando o nome do local, dizendo que isso era proibido e que eu deveria ter solicitado permissão. Foi aí que baixou uma luz, e respondi a ele que eu anotava horário e local das nossas andanças, emplacando a mentira de que minha esposa era jornalista e escrevia um blog de viagem. Ele ameaçou novamente o preenchimento da multa, mas com mais uma negativa nossa em lhe oferecer dinheiro, nos devolveu a documentação e ordenou que seguíssemos viagem “despacio”, ou devagar, para não sermos multados, não sem antes reter a anotação que fiz sobre o posto policial.

Saímos do local com a sensação de vitória, uma vez que lembrei de uma reportagem recente feita pelos jornais Clarin, de Buenos Aires, e Zero-Hora, de Porto Alegre, que apontava exatamente este posto policial como um local onde os turistas brasileiros invariavelmente deixavam alguns trocados para aqueles corruptos policiais argentinos.

Seguimos viagem, fizemos uma parada rápida para almoço, e passamos para a Ruta 12, totalmente duplicada, que nos levou, após enormes pontes sobre o Rio Paraná, até a Ruta 9, na qual adentramos em Buenos Aires, após percorrer mais 860km da nossa longa viagem. Havíamos reservado um hotel no centrão da cidade, esquina das avenidas 9 de Julho e 25 de Maio. Ainda em casa, eu havia estudado em detalhes o caminho desde a entrada em Buenos Aires até o hotel, através do Google Earth, e a chegada foi extremamente precisa (quase desviamos o caminho, mas os olhos atentos da Aline viram uma placa que nós não percebemos, o que nos permitiu manter a rota), às 18h10m, com 10m de atraso em relação ao nosso cronograma original (hehehe, não deu pra ser pontual, uma lástima....) chegamos ao Hotel, onde desembarcamos as malas e levamos o automóvel até um estacionamento, onde “ele” merecidamente descansou os próximos 3 dias.


O Hotel Reyna, onde ficamos hospedados por quatro dias, é um hotel antigo, construção datada de 1885, sem grandes confortos, mas que servia excepcionalmente bem aos nossos propósitos, uma vez que serviria basicamente como dormitório, já que passávamos o tempo todo na rua.

Extremamente bem localizado, permitia uma visão estupenda do início da noite com o trânsito carregado, mas ordeiro, do encontro das duas avenidas, lembrando que a 9 de julho é uma das avenidas mais largas do mundo. O que contava fundamentalmente para nós era a proximidade com as estações de metrô que levavam para todos os pontos da cidade, além de que praticamente todas as linhas de ônibus passavam logo abaixo de onde nos hospedávamos. Isso foi crucial na escolha, já que não tencionávamos perder tempo com deslocamentos com automóvel próprio (além do quê, o táxi é muito barato na Argentina, e a frota dos “amarelo-preto” é enorme).

A diária do local é de $120 pesos, incluindo o desayuno.

Buenos Aires é uma cidade que respira história por todos os cantos, orgulho da população porteña. Aliás, a peculiaridade é que a grande Buenos Aires suporta a metade da população argentina. Bela, limpa, com cafés lotados espalhados por todos os cantos, e um sem-número de atrações culturais, incluindo as livrarias, palácios, casario e monumentos. É uma pena que essa bela cidade, também respira muita fumaça de cigarros...como los hermanos fumam!

Naquela noite, ainda descemos, a pé, até Puerto Madero (afinal, passamos o dia sentados dentro do carro, e estávamos relativamente perto do local), antigo porto, totalmente restaurado e transformado em uma atração imperdível para quem curte um belo visual e roteiro gastronômico, tendo em vista os restaurantes, bares e cafés belíssimos daquela área.

A seguir, descreveremos os passeios que fizemos nos três dias em que permanecemos na capital argentina.

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